A luta pela regularização fundiária e o manejo de lagos se converteram na plataforma de luta dos indígenas, pequenos agricultores, pescadores e ribeirinhos, homens e mulheres que habitam a região da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, reunidos nos dias 20 e 21, na comunidade de Teresina III.
O I Seminário de Ribeirinhos do Alto Solimões, organizado pelas comunidades e pelo Centro de Trabalho Indigenista/CTI, Núcleo de Estudos Estratégicos da Pan Amazônia/Neepa e Equipe Itinerante, contou com a participação de 95 representantes de 58 comunidades de Tonantins, São Paulo de Olivença, Teresina I, II, III e, IV, Tabatinga e Belém do Solimões.
“Os problemas enfrentados pelas comunidades ribeirinhas, rurais e indígenas são similares e por isso não pode haver divisão de povos e nem de fronteiras”, expressou um dos participantes, selando o compromisso de luta conjunta. Além de discutirem estratégias de resistência para enfrentar as ameaças e os inimigos comuns, foram feitas denúncias como a invasão de barcos pesqueiros em diversos lagos e em locais de uso coletivo como as ilhas. Os invasores, neste caso, são os fazendeiros que colocam o gado nestas áreas impedindo sua utilização por parte da comunidade e destruindo as plantações.
Também estiveram presentes representantes da Funai, da Defesa Civil e do INSS, que explicaram aos presentes os mecanismos existentes para acionarem seus direitos, além de esclarecerem o papel destes órgãos no enfrentamento de problemas específicos como os relativos aos povos indígenas, casos de emergência e à falta de cumprimento da legislação trabalhista.
Na pauta de reivindicações, a demanda expressiva foi por serviços básicos: escolas, postos de saúde, energia elétrica, saneamento, telefonia, transporte fluvial e escolar e água potável. Na Carta Aberta às Autoridades, eles exigiram a assessoria técnica de órgãos públicos como Funai e Ibama para os projetos de agricultura sustentável e preservação de lagos, e manifestaram desacordo com a atual política de desenvolvimento para a Amazônia que, a exemplo das décadas anteriores (70 e 80) continua fundamentada em grandes projetos, agora aglutinados na IIRSA (Iniciativa para a Integração Regional da América do Sul) promovida pelo Governo Federal nos 12 países do continente.